de convention à émile zola.

20 nov. 2010

pra começar com o meu objetivo de conhecer vários cantos e lugares diferentes de paris, eu apresento o percurso que eu fiz hoje, aproveitando um sábado frio mas ensolarado.

começo a caminhada saltando do ônibus linha 62, ainda com resquícios do meu Mocha Praliné especial de natal do Starbucks, na parada Convention-Vaugirard na frente da praça naqual fica a entrada para a estação de metrô Convention (linha 12).

as pombas (ou seriam os ratos com asas de paris?) parecem nem se abalar com o movimento e o barulho da Rue de la Convention. eu também continuo não sendo afetado pela cacofonia (admito que até gosto), mas o objetivo da caminhada é desbravar um pouco do lado calmo do XVeme arrondissement de Paris (a cidade é dividida em 20 regiões, como se fossem bairros que são chamados por números de 1 à 20).

passando em frente aos cinemas Gaumont, pego a rua Blomet, na qual está localizada a clínica de mesmo nome e que tem uma arquitetura diferente de tudo que eu tinha em mente quando pensava em uma "clínica de cardiologia"



 logo em seguida viro à esquerda na rue de l'Abbé Groult. pelo caminho, pensando na calma que deve ser morar nos pequenos apartamentos com sacadas de ferro e decoradas com plantas, 

 
sou então surpreendido por uma enxurrada de insultos em francês de um senhor de idade dirigidos à não sei quem (espero que não tenha sido eu) na esquina com a rue Lecourbe. porém sigo meu caminho sempre em linha reta observando o vai e vem das francesas nos salões de cabelereiros e sentindo arrepios ao ver franceses barbeiros raspando a roda ao tentar estacionar em vagas claramente muito pequena. a rua termina exatamente na igreja de Saint-Jean-Baptiste de Grenelle 

(por falhas tecnicas não tem foto "/)

a frente da igreja começa (pelo menos para mim é o começo) a rue de Commerce. esta é a minha rua preferida para fazer compras em Paris por guardar o caráter agitado e movimentado que eu gosto, mas sem ser extremo (como o Forum des Halles) nem cheia de turistas (Rue de Rivoli) e nem no outro lado do mundo (La Défense). 


Entre lojas de queijos (frommageries), vendedores de frutas, lojas de roupas, de vinho, bancas de fruto do mar, eu perco facilmente a noção do tempo. nessa rua, parada para comprar a garrafa de champagne para o fim do ano (amigos, oficialmente teremos Veuve-Clicquot pra beber!) e especialmente parada na Sephora, rede de lojas de perfumes e cosméticos na França. nada como ver e tocar nos produtos com os quais eu trabalho e dos quais discutimos todos os dias, mesmo se isso faz às pessoas arquearem as sobrancelhar ao ver um garoto de toca, barba mal feita, passando bases no ante-braço. 
saindo da loja, um pequeno desvio para uma volta na Place du Commerce, situada exatamente na saída do metrô Commerce (linha 8)


mais alguns poucos metros os quais levam muito mais tempo para serem feitos ao parar para ver vitrines, procurar uma luva para o inverno que está chegando ou simplesmente bisbilhotar as novidades. faço deliberadamente vista grossa aos cruzamentos e continuo até quase o fim da rue de Commerce (consigo ver ali pertinho o Boulevard de Grenelle). porém me viro e volto no mesmo caminho pra retomar o no cruzamento com a Avenue Émile Zola cujo silêncio e a calma sempre me parecem aberrantes e fora da normalidade que é a rua comercial ao lado. silenciosa como o cruzamento no qual se encontra e escondida em um canto está a estação que leva o nome da avenida (linha 10) e é o fim do passeio de hoje. só mais um pouquinho eu estaria na Tour Eiffel, mas meu cansaço não me permitiu dessa vez...




titre de patience

2 juin 2010

você vem pra frança. iêi. intercambio, dois anos, tudo lindo, tudo bem. lá no brasil já começa o martírio para fazer um passaporte, conseguir documentos, conseguir bolsa, conseguir visto, conseguir vir. aí você tem que abrir conta em banco aqui, fazer contrato de celular, contrato de eletricidade, plano de saúde, mutuelle, contrato da residência, CAF, carta de transporte público. aí você tem que pedir seu primeiro titre de séjour (documento para morar na frança, uma "carta de identidade").

governo francês decide então que esse ano, no primeiro ano, você não terá um titre, mas sim uma vignette, um adesivo colado no seu passaporte que tem o mesmo valor de um titre. só que o mesmo governo esquece de avisar pra todas as outras repartições públicas e privadas, e então você também tem que explicar isso.


quando você acha que acabou, que graças a deus não tem mais problema... acaba um ano e você tem que renovar o seu titre de séjour


você prepara sua pilha gigante de documentos, vai para a sous-préfecture d'Antony (uns 30 minutos de trem de casa), chega lá, pega 20 minutos de fila e...

 a moça diz: "desolée, não renovamos titres na quinta feira"
eu digo: "mas não tem nada escrito no site"
moça responde: "pois é... mas é assim que funciona. volta amanhã que as 8h45 começamos a distribuir senhas para o departamento dos estrangeiros"

daí você não volta "amanhã" pois você tem mais o que fazer da vida do que sentar e glander numa fila de serviço público. segunda feira você volta. chega no lugar às 7h30 da manhã. tem uma fila virando a esquina. abrem-se as porteiras, a fila começa a andar, andar, existem 3 pessoas na tua frente e pimba! 


a moça avisa "'y a plus de tickets pour aujourd'hui" (não tem mais senhas pra hoje)
você faz "quê?"
ela diz: "é, desolée"


você respira. volta pra casa. enche a cara de chocolate. faz uma prova oral de ondas e acústica e na terça feira você acorda às 5h30 da manhã. chega na maldita prefeitura às 6h40. tem mais ou menos a mesma quantidade de gente que tinha no dia anterior na hora que você tinha chegado. ok. mas dessa vez você tem ticket. 40 pessoas na tua frente.

moça no. 3: "pode voltar lá pelo 12h30/13h00"
você "ok"

você volta. e ainda faltam 20 pessoas. você sai, você conhece o Parc de Sceaux. trinta minutos. você volta. 17 pessoas na tua frente. você volta pro parque. mais 40 minutos. 14 pessoas na tua frente. você se ennerve e vai procurar um macdonalds pra almoçar. 30 minutos. você volta. já passaram 8 números depois da tua senha.

seus olhos enchem de lágrimas. você pede por piedade. você pede clemência. misericórdia. perdão. compaixão. valores cristãos. ajudai o próximo.

ok. a mocinha super simpática (sem ser irônico) te atende e, voilà, você tem um récépissé (documento que prova que você deu entrada nos papeis de renovação).


em linhas gerais, bienvenu en france. se você pensa em fazer intercâmbio aqui, é mais ou menos isso que você encara. 


the ultimate velib' tour.

24 mai 2010

segundona de feriado de pentecostes, nada melhor. assim dá pra me recuperar do final de semana cheio de coisas. sexta a noite foi o baile de gala da ESPCI, sábado foi o dia de ressaca que vem avec um gala e domingo fomos pro Parc Astérix. próximo post eu comento melhor sobre esses eventos, mas neste momento eu vou quebrar a ordem cronológica das coisas e falar sobre o final do domingo (pós parque) e madrugada subsequente.

decidimos descer do rer na casa do benoît (na rue lepic, aquela onde van gogh morou, onde fica o café que a amélie poulain trabalhava...) e fazer uma janta. estávamos com dois ingleses no grupo que começaram às 4 da tarde botar vontade de tomar gin and tonic e assim o fizemos. os ingleses foram, ficamos em quatro e decidimos, 1h da manhã fazer o tour das atrações turísticas em velib'.

quase desisti na primeira, porque eu garanto a todos que subir montmartre, bêbado, de bicicleta não é fácil não. muita risada e muita risada ficaram de recordação (e uma dor nos dedos incrível). tiramos uma foto em cada um dos monumentos visitados:

1. sacré-coeur
2. galeries lafayette
3. opéra
4. place vendôme
5. comédie française
6. musée du louvre
7. pont neuf
8. conciergerie de paris
9. notre dame
10. fontaine saint michel
11. institut de france
12. musée d'orsay
13. assemblée nationale
14. tour eiffel
15. étoile- arc du triomphe
16. avenue des Champs-Elysées
17. église de madeleine
18. nascer do sol na place de la concorde

isso durou de 1h30 às 5h00 da madrugada, e foi com certeza uma noite que vai ficar marcada na minha cabeça pro resto da vida. chegar com o sol nascendo e ver o céu de paris se iluminando com os primeiros raios por detrás de madeleine, vista da concorde. o fato é que não tem como não amar paris.

mapa esquemático do caminho feito


a primeira parada- sacré-coeur

a última parada - primeiros minutos de luz - concorde (tour eiffel et assemblée ao fundo)


mapa do gmail com uma idéia real dos ~18km que fizemos

melhor momento - descer a champs e poder soltar as mãos e obersevar tudo depois de sofrer pra subir a avenue kléber
pior momento - subir da rue lepic até sacré-coeur
momento "on déconne" - alguém com tanta sede que  bebeu água de uma garrafa encontrada numa estação de vélib
momento "pica a mula" - invadir a área fechada do museu do louvre e sermos expulsos por seguranças chamando a polícia.


cosa nostra

15 mai 2010

quem é vivo sempre aparece. nunca mais vou prometer "não abandonar" o blog pois nunca dá certo, apesar que dessa vez o tempo away é totalmente justificável. minha mãe conseguiu atravessar o atlântico e vir passar duas semanas comigo. durante a primeira semana eu ainda estava de férias, mas durante a segunda, conciliar aulas, relatórios, trabalhos, provas e turismo foi bem cansativo. conseguimos salvar uma parte da viagem que havíamos planejado: a ilha de Capri, na Baía de Napolis.

a ilha é realmente o paraíso, pizzarias típicas com fornos à lenha, macarronadas com molho de tirar o fôlego, gelatos fantásticos e limões mutantes típicos da sul da italia. (aliás, a ilha de capri é conhecida por ter limão partout).

o objetivo do post, além de deixar algumas fotos aqui para posteridade, é comentar como é preciso uma tonelada de paciência para aguentar os italianos (e ser confundido com um o tempo inteiro). quando você sai de uma sociedade como a francesa, na qual regras de educação ditam o dia a dia e você pede "pardon" até por respirar errado perto de alguém, ir para um país onde a desordem reina me chocou. italianos trombam em você, passam por você, não tem a menor idéia do que significa o conceito de fila whatsoever... mas são simpaticos ao extremo, pelo menos.

as coisas não funcionam, nada sai no horário (e reenforço nada sai no horário) incluindo aviões. os 3 vôos que eu peguei em solo italiano saíram com atrasos, todos devido a algum barraco que italianos davam (junto com fila, eles também não conhecem o conceito de bagagem de mão da easyjet). é, foi quase como dar um pulinho no brasil...

ciao, mediterrâneo


via krupp


marina piccola


grotta azzurra 


ps: comentei que a rainha da suécia costumava passar suas férias lá? a mariah carey também...



mas OI?!

22 avr. 2010

Olhem esse mapa da "linha 4" aí ao lado. Meus próximos destinos, não é!? Pois é... Seriam se um vulcão não tivesse dado o ar da sua graça no sudeste da Islândia e expelido na atmosfera uma nuvem gigantesca de cinzas que provocou o caos no tráfego aéreo europeu entre quinta feira passada (15) e terça (20). Acho que eu nunca dei tanto F5 em páginas como a dos Aéroports de Paris ou Reuters.fr. O resultado de tudo isso foi o vôo da TAM da minha mãe cancelado (sim, foi o primeiro dos vôos cancelados) e muito stress no final das contas.

Onde foi parar a história? No Jornal do Brasil.


http://jbonline.terra.com.br/leiajb/2010/04/21/primeiro_caderno/brasileiros_ainda_presos_no_exterior.asp

Não é culpa de ninguém, eu sei, mas não deixa de estressar um bom tanto. Porém, no meio de toda essa confusão, eu tirei um tempo pra refletir sobre a ordem de grandeza das coisas.
Por exemplo: todo mundo já deve ter olhado para um boeing ou um airbus e ficado deslumbrado com a grandiosidade de uma máquina que o homem pode fabricar. Depois disso, quando você decola de um aeroporto como o Charles de Gaulle, você olha para baixo e vê muitos desses aviões e pensa "Damn, o negócio é gigante". Agora pra colocar em perspectiva, tentar imaginar que um vulcão (um dos pequenininhos da Islândia) teve a força pra cancelar mais de 60 000 vôos em cinco dias... Bom, quem é mais forte? Acho que a natureza deixa a gente no chinelo.

Agora, paciência para a TAM remarcar a passagem da minha mãe, e estudar mecânica de fluídos pra maio.

Salut...